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10/07/09

Encontro e cultura

Encontro segundo a Cultura Tradicional Africana

A sociedade tradicional Africana é fortemente marcada pelo sentido de encontro. A vida é um encontro. Viver é encontrar continuamente novas terras, novas realidades, novas pessoas e novas experiências. Isto pode explicar essa forte tendência natural do africano para inventar ocasiões de encontro, de celebração e de festa. Também nisto se há-de encontrar a raiz da irresistível atracção dos africanos pelo mercado, não tanto como lugar de compra e venda de artigos, mas sobretudo como lugar de encontro, de rever amigos, de renovar laços e de obter novas experiências.

Desde o seu nascimento a criança africana é iniciada, através de cerimónias e rituais de apresentação, num processo gradual de encontros com os diferentes níveis da existência até se harmonizar completamente com todas as forças que constituem a unidade e participação vital de todo o cosmos.

Depois do parto, a mãe e a criança não podem sair do lugar abrigado, antes de pelo menos sete dias, até que se realizem todas as cerimónias e rituais de apresentação do novo ser aos elementos essenciais da Natureza: a terra, água, o ar (nos seus quatros ventos ou pontos cardeais) e o fogo.

Com estas cerimónias a criança é integrada e harmonizada com as principais forças cósmicas para que não seja por estas fulminada como elemento estranho ao sistema. Depois, seguem os ritos de apresentação e harmonização com as pessoas, com o clã, e com a sociedade. Com estes ritos, dá-se o nascimento social, étnico e cultural da criança. Nestes dias o recém-nascido como que é ritual e simbolicamente iniciado nas tradições e nas actividades que caracterizam o clã: caça, pesca, agricultura, pastorícia, guerra, etc. Nos clãs dedicados à caça, colocam na mãozinha da criança de sexo masculino um pequeno arco simbólico, enquanto se pronunciam votos de que ela cresça e se torne homem robusto capaz de alimentar a sua família com o fruto da sua caça. às menininhas fazem-nas pegar num cestinho de palha, símbolo dos cuidados domésticos.

No dia da saída da criança com a sua mãe, faz-se um grande encontro de festa com a presença de toda a gente: os membros da família ampla, os parentes, os amigos, os vizinhos, etc. Dá-se o primeiro encontro do recém-nascido com a sociedade ampla para além das fronteiras do seu próprio clã. Nesse dia, atribui-se oficialmente à criança um nome de família previamente designado pelo oráculo dos antepassados ou inspirado por estes em sonhos ao ancião do clã.

Na árvore dos antepassados dá-se o nascimento religioso, a apresentação ritual do recém-nascido aos seus antepassados protectores. Seu nome é pronunciado pela primeira vez publicamente e aclamado por toda a assembleia reunida. Este rito aplica-se para crianças de ambos os sexos, com as respectivas adaptações. Tratando-se de uma menina, diz-se: “Tu te chamarás (fulana) … sê boa dona de casa e saibas compreender o teu marido; sê fecunda e boa educadora da tua família, como o foi a aquela de quem recebes o nome. Agora, o recém-nascido já é uma pessoa com um nome próprio dentro do clã, deve ser enculturado através de uma educação que lhe permita assumir, identificar-se e harmonizar-se completamente com o seu clã, assumindo as normas e os valores culturais dos seus antepassados. Usará este nome até ao fim dos ritos de iniciação que têm lugar na juventude, quando o iniciado poderá escolher para si mesmo o seu nome de adulto.

O encontro com o “outro”, expande-se e amadurece ao longo da vida, através de uma densa rede de relacionamentos de amizade e de alianças, dentro e fora do clã, para atingir a sua expressão máxima no casamento e na transmissão da vida pela geração de filhos. Estes encontros continuam com os pactos e alianças que permitem ao indivíduo estender ao máximo a rede de seus encontros, isto é, da sua influência nos outros clãs. Por isso o ancião africano procura ter muitos filhos e filhas para poder casá-los em vários clãs e ampliar assim o seu prestígio e influência social.

O encontro com a morte é outro momento solene na vida do Africano. Este encontro é preparado com tempo, ainda em vida da pessoa e é prolongado por longo tempo depois da sua morte física. O encontro com a morte é na África um encontro que, por sua vez, ocasiona e motiva encontros entre si dos membros vivos da família, destes com os antepassados, e com o cosmos, através de cerimónias e rituais finalizados a restaurar a harmonia e participação vital universal lacerada pela morte. O encontro com a morte abre a porta para o encontro definitivo com os espíritos dos antepassados. Esta é a aspiração máxima do africano: atingir a plena maturidade de pessoa humana, tornar-se um espírito protector e entrar na comunidade daqueles que já ultrapassaram a barreira da morte e se dedicam agora a garantir a vida, a felicidade e a harmonia dos seus descendentes.

A celebração das parentais (culto aos antepassados) é uma ocasião privilegiada do reencontro da grande família clânica: os vivos e os mortos, para celebrarem a sua unidade como família; para comemorarem a sua origem e o seu passado comum; para renovarem as suas esperanças no futuro.

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